segunda-feira, 24 de abril de 2017

Aeromédico: fisiologia da atividade Aérea

DISBARISMO (Aeroembolismo e Aerodilatação)


No interior de nosso organismo existem gases nas cavidades digestivas e naquelas em contato com o meio exterior por intermédio de orifícios como fossas nasais e boca. Também encontramos gases como o nitrogênio dissolvido nos líquidos orgânicos como o sangue e tecidos.


As alterações de pressão entre o meio terrestre e o meio em que se desenvolve a atividade aérea levam ao surgimento de uma série de fenômenos.
Dá-se o nome de Disbarismo ao conjunto de alterações sofridas por um organismo, em seu todo ou em panes, na passagem de uni meio de determinada pressão para Outro de maior ou menor pressão. Existem inúmeras outras definições, mas eu gosto mais desta.
Na passagem de um meio para o outro, as alterações podem ser divididas em alterações de gases encarcerados e de gases evolados. As misturas gasosas como, por exemplo, o ar, são regidas por Lei da Física das quais 5 interessam diretamente aos especialistas em Medicina Aeroespacial. Não citaremos todas, falaremos da lei de Boyle-Mariotte que diz: “À temperatura constante os volumes ocupados por uma massa gasosa são inversamente proporcionais às pressões que suportam”, a qual explica os efeitos da altitude sobre os órgãos cavitários do organismo (Estomago, Intestinos, Ouvidos e seios da cabeça e face) que se constituem em sede de expansões gasosas consequentes à queda da pressão barométrica, quando se alça voo.

Com o aumento da altitude o volume de ar no tubo digestivo sofre alter ações e a 16.500 pés - dobraria o volume, a 25.000 pés ficaria acima de três litros e a 39.000 pés seria sete litros, não fosse pela parcial pressurização da aeronave.
A lei de Henry, que tem como enunciado: “A solubilidade de um gás em um liquido a Lima determinada temperatura é proporcional a pressão parcial do gás em contato com a solução” explica os fenômenos dos gases evolados como, por exemplo, a formação de bolhas ao se abrir uma garrafa de refrigerante. Estas duas são as mais facilmente compreensíveis e evidentes.
Lembraremos ainda a lei de Dalton a qual explica por que, mesmo a uma porcentagem constante na mistura que é o ar. nas altitudes cm que se desenvolve a atividade aérea, diminui a quantidade de oxigênio ofertada ao organismo. Isto deve-se ao fato da diminuição da pressão parcial de oxigênio pela queda da pressão atmosférica.
Corno consequência da lei de Boyle-Mariotte surgem os sintomas resultantes da aerodilatação como meteorismo, flatulência, eructações, desconforto abdominal, distensão pulmonar e pneumotórax espontâneo, por exemplo.
Devem-se a aplicação de Lei de Henry os Sintomas decorrentes dos gases evolados que vão desde simples pruridos cutâneos denominados “ÏTCH”, dores articulares denominados “BENDS”, que são mais comuns em indivíd uos obesos por ser o tecido adiposo mais rico em nitrogênio, até repercussões sobre o sistema cardiorespiratório chamados “CHOKES” e podem levar a sequelas neurovegetativas e mesmo a morte.

Esses sintomas dos gases evolados, tem como origem a formação de bolhas e consequentes embolias pelo desprendimento de nitrogênio dissolvido em líquidos e tecidos orgânicos. Convém lembrar que, quando de pruridos e dores articulares, os exercícios e massagens tendem a piorar o quadro e ainda que ruídos e vibrações favorecem o aparecimento da doença descompressiva, que é nome genérico dado a estas manifestações, em virtude do movimento molecular que leva a agitação dos humores e desprendimentos gasosos.

Fonte: Dr: Murillo de O. Vilela, Sindicato Nacional dos Aeronautas, Secretaria de Saúde
Fisiologia da Atividade Aérea



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